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Porto Alegre, RS, Brazil
escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Corte final



Queridos e queridas,


O cineasta francês Alain Resnais declarou no "Cahiers du Cinema" que para se fazer um bom filme eram fundamentais três ingredientes: "un scenario, un scenario et un scenario" (um roteiro, um roteiro e um roteiro). Ai, eu sei que esse é um assunto complexo, cada um puxa pro seu lado, principalmente porque um filme, para ser realizado, precisa de um conjunto de ingredientes, uma série de etapas, um grupo de realizadores, enfim... Diferentemente de um livro, no qual o autor cria uma história de forma solitária, um filme é sempre o resultado de um trabalho de equipe. Mas eu falei em criação... e tudo começa com uma história a ser contada. Voltamos ao roteiro. Um bom roteiro pode gerar um bom filme. Ou não. Mas um roteiro ruim nunca resultará em um bom filme. Então, certo está Resnais ao enfatizar a importância do roteiro. Não é "apenas" escrever uma história, como se isso fosse pouco, mas o bom roteirista sabe que essa história será vista, traduzida em múltiplas imagens e efeitos, e que portanto as idéias e os sentimentos que permearão essa história precisarão ficar muito bem definidos nos personagens, cenas e ações. Sair do lugar-comum, do clichê, dos recursos exaustivamente usados. Ser original. Ser simples. E ser complexo. Uma equação nada matemática. Um processo de criação, recriação, de riscos e rabiscos, de geração de personagens que definirão os rumos da história, da escolha de um ou vários temas que definirão os rumos dos personagens, e desses cruzamentos e encruzilhadas resultará um bom filme, ou não.

Nós somos personagens em nossa vida e roteiristas de nossa vida, o tempo todo. Não escrevemos nossa vida solitariamente, como autores de nosso destino. O enredo, a ação, as cenas todas se desenrolam junto a outros personagens. O tempo todo, em múltiplas locações. Nem sempre dirigimos, produzimos ou montamos. Muitas vezes delegamos aos outros essas funções. Muitos inclusive gostariam de nunca ter que roteirizar sua vida; é a parte mais difícil, com certeza. Mas sempre seremos os roteiristas de nossos destinos. Se isso vai resultar em um blockbuster, uma obra-prima ou um filme trash, eu não sei. A vida, como o cinema, é uma equação nada matemática. É uma arte.


be happy!


Um comentário:

  1. Certamente, o roteiro é a base de tudo. Claro que um bom filme é o resultado de todo um trabalho complexo e de interação de diversas pessoas, porém, sem um bom roteiro, não há um bom filme.

    E a vida... Bem... É complexa por si só. E a forma como is escrevendo e conduzindo esse roteiro é ainda mais complexa. O resultado, a gente tem (e sente) na prática. Mas se vai ser bom ou não... Complicado dizer, afinal, esse roteiro só é finalizando quando o último suspiro é dado...

    Beijooooooo!!!!

    P.S.: "não me deixe viver o que posso. Que me seja permitido desaprender os limites". (Fabrício Carpinejar)

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