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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

sábado, 30 de maio de 2009

Os marginais



Queridos e queridas,

Os cineastas e os cinéfilos marginais tem o que comemorar. Já está disponível a coleção de DVDs Cinema Marginal Brasileiro, com o lançamento dos filmes "Bang, Bang", de Andrea Tonacci, "Sem Essa Aranha", de Rogério Sganzerla, "Os Monstros de Babaloo", de Elyseu Visconti e "Meteorango Kid, o Herói Intergalático", de André Luiz Oliveira. Serão também lançados, pela parceria de Eugenio Puppo com a Lume Filmes, "Lilian M, Relatório Confidencial", de Carlos Reichenbach; "Hitler III Mundo", de José Agrippino de Paula; "O Pornógrafo", de João Callegaro; e "A Margem", de Ozualdo Candeias. As matrizes estão na Cinemateca Brasileira.
O cinema marginal é assim chamado porque foi realizado APESAR da censura e de órgãos como o extinto Instituto Nacional de Cinema, que não emitiu o selo de qualidade para os referidos filmes, que sofreram vários cortes e muitas críticas. APESAR disso, os filmes rotulados de marginais foram adiante. E são marginais também porque foram inovadores, inventivos, libertários. O cineasta Rogério Sganzerla, diretor de "O Bandido da Luz Vermelha", declarou que fez questão de filmar como não se deve filmar.
A declaração de Sganzerla me faz pensar sobre como se deve filmar. Os cursos de cinema estão aí, a preparar novos profissionais a cada ano. Cada vez se dispõe das mais aperfeiçoadas tecnologias para produzir filmes que jamais desejariam ser coroados com o selo do Instituto Nacional de Cinema. 3D é só o começo. O Hall da Fama está congestionado de nomes aclamados pelo cinema oficial. O interessante é que no mercado oficial, na imprensa oficial, o que é rotulado como magnífico, perfeito, e outros superlativos que tais, chega rapidamente no top one. Não interessa saber se é bom de verdade, mas o fato de que se o fulano de tal diz que é bom, então é.
Conheço críticos que destróem um filme não porque o filme é ruim, mas porque eles não gostam daquele filme ou de quem o fez. Eu pergunto por que, e a resposta é porque não gosto. Conheço pessoas de extremo valor, profissionais maravilhosos, que seguem anonimamente e com muitas dificuldades financeiras para trabalhar naquilo que sabem e gostam de fazer: cinema.
Conheço iniciativas oficiais que organizam festivais e premiações nas quais o maior legado é a foto que vai sair na coluna social no dia seguinte. Quem tá bem na foto tá de bem com a oficialidade. Tem futuro. Coisa de primeiro mundo. O resto que não aparece é marginal.

Se fazer cinema marginal é fazer cinema de invenção, olhar além do olhar, experimentar o real e ir além dele, fazer o que é possível e tentar o impossível, com um jeito próprio que possa ser considerado impróprio... então eu estou no caminho certo. Ou errado, como diriam os censores oficiais da sociedade hipócrita que só vê cinema como entretenimento. Ou como hobby, futilidade. Para quem certifica e idolatra apenas quem está na Rede Globo e suas afiliadas, ou em Hollywood e seus blockbusters, a arte é, ainda bem, coisa de gente marginal.
Fiquem bem!




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