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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Asas do desejo

Queridos e queridas,

Estou muito sentimental hoje. Melhor dizendo, mais sentimental do que de costume. Estou como um anjo com uma asa voadora e uma asa cortada. No avião, eu contemplava da janelinha a asa dantesca e poderosa que acolhia muitas nuvens brancas, brancas. Lembrei-me dos algodões doces que em minha imaginação eu havia jogado para o alto, no outro dia. Nunca pensei que fossem tão longe, e que de mim, naquele momento, estivessem tão perto! O comandante anunciava que estávamos sobrevoando a Baia de Guanabara, um aperitivo do que estava por vir. Em seguida eu chegava no Aeroporto Santos Dumont, sem antes deixar de contemplar pela janelinha os prédios históricos que anunciavam a chegada na cidade maravilhosa.
Cada vez que venho ao Rio de Janeiro deixo um pouco de meu rastro. Não sei explicar. Há algo de misterioso nesta cidade. Vejam, as pessoas são mais light, e quem é- amigo-de-meu-amigo-já -passa-a-ser amigo-meu. Assim mesmo.

Minha querida amiga gaúcha Adriana é a anfitriã carioca mais maravilhosa que já tive. Estou ficando mal acostumada, quero voltar para cá e ainda nem fui embora.
Eu vim pela primeira vez quando meu filho era pequeno. Eu participava de um curso de ética na UFRJ. Anos mais tarde, vim a trabalho, em um congresso sobre rádio cultural. Daí voltei para ver Radiohead. Foi a minha viagem mais louca, depois de quase ter sido presa em Paris por não saber me comunicar em francês, mas essa história fica para outro dia.

Eu tinha dois ingressos para o show do Radiohead. Radiohead é como o Rio de Janeiro, pura emoção. O que eu penso, o que eu sinto, o que eu choro, o que eu amo, está tudo ali.

Eu vim sozinha, não era para estudar, nem era para trabalhar. Era para ser algo que não foi, e eu olhava para os ingressos como se fossem bilhetes de um filme que eu não iria mais assistir.
Adriana, a minha amiga gaúcha mais carioca de todas que conheci, foi comigo no show. E foi comigo pela Lapa, e me levou a tantos e a tantos lugares em dois dias que fiquei com uma overdose carioca. Até visitar um sobrado que estava para alugar eu fui. Rua do Lavradio. Eu já devo ter morado nessa rua, em outra encarnação.

Quando preciso me recompor, me reestruturar, nada como um bom filme, nada como uma boa música, nada como um bom lugar. Wenders, Radiohead e Rio de Janeiro. Nada como bons amigos, aqueles que nos espreitam, nos abraçam, como os anjos de Wim Wenders. Tão longe, tão perto. Uns em Porto Alegre, outros no Rio, outros em algum lugar que eu não vejo. Talvez lá, junto com as nuvens de algodão. Talvez sentados na asa do avião.

E eu, com uma asa que voa para o Rio, e que insiste em aqui pousar. E uma asa cortada em minhas origens, e na minha história, que sabe-se lá para onde vai ir, ou como vai ficar.
Voem!

Um comentário:

  1. Viajar é uma das melhores coisas que existe pra fazer nessa vida! Amo!

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