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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

domingo, 28 de junho de 2009

Dunga, Lucio e o Gladiador

Queridos e queridas,

Confesso que o mais me chama atenção quando o assunto é futebol é a realização da Copa do Mundo. É a oportunidade de ver homens bonitos de várias nacionalidades. Tem algo também no futebol que deve ter raízes inconscientes, porque não há lógica alguma que explique por que, nesta capital do Rio Grande do Sul, ou se nasce colorado, ou se nasce gremista. Eu sou colorada. Mesmo quando não vejo os jogos, não sei os resultados, não vou ao estádio, não sei dizer o nome da metade dos jogadores. Sou colorada ontem, hoje e sempre. Como o sangue que corre em minhas veias.
Confesso também que sempre que a Seleção Brasileira jogava, quando eu era criança, eu torcia, torcia muito pelo meu time, minha seleção, meu país. Era verde e amarela da cabeça aos pés, apesar de suspirar pelos jogadores italianos. Mas na seleção estavam Falcão, Rivelino, Zico, e outros que eu admirava pelo jogo, pelo amor à camiseta.

Cresci, e fui percebendo que não precisa ser comentarista de futebol para concluir que o futebol, o jogo mais importante e popular do mundo, também se transformou em um dos negócios mais lucrativos do planeta. Um bebê que chuta na barriga da mãe poderá ser o novo Ronaldinho, ou Ronaldo, o fenômeno. O futebol tornou-se algo tão indispensável ao mundo pré-apocalíptico capitalista, que hoje há agentes, empresários, ministério, contratos e cláusulas nos quais tudo que rende cifras importa, especialmente exportar jogadores para clubes do primeiro mundo, onde se recebe em dólares e em euros.
Enquanto o povo assiste os jogos pela televisão, ouve no radinho de pilha, reunidos no boteco ou ficando afônicos no estádio, os jogadores degladiam-se por causa de uma bola que é literalmente chutada para todos os lados, até que o time que fizer mais gols leva os pontos, a taça, e muito, muito dinheiro.

E eu só passei a gostar de acompanhar os jogos da Seleção Brasileira depois que o eterno Capitão Dunga assumiu como técnico da Seleção. Bairrismo? Não, apesar de Dunga ser meu vizinho, e nem saber disso, e de caminhar no mesmo lugar que eu caminho, e nem saber disso. Eu sou sua admiradora secreta, desde os tempos do Internacional. Dunga simboliza para mim aquilo que eu admiro em um ser humano: trabalho, talento, competência, dedicação, simplicidade, generosidade, e também cara amarrada e espírito de luta, de combate, de ir para cima no campo, nas regras, até vencer. Dunga é um vitorioso. E a fama e o dinheiro não lhe subiram para a cabeça. Talvez por ser como é, não é o queridinho do centro do país. Por não fazer joguinhos de palavras com a mídia, também não é a bola da vez nas coberturas de imprensa. Dunga vai onde tem que ir e faz o que tem que fazer. Assim como Lúcio. Outro ex-Internacional. Será coincidência? Brincadeira à parte, Lúcio é um homem grande, não só em tamanho, é grande em obstinação, dedicação, ele até me assusta quando está em campo. Porque parece que vai sair de lá morto, se preciso for. Entregar-se, jamais.

Cada vez que vejo novamente o filme Gladiador (direção de Ridley Scott, 2000), admiro não somente a perfeita reconstituição do Coliseu que o diretor fez no Marrocos, e as atuações de Russel Crowe e Joaquin Phoenix. Admiro a analogia entre as formas de enganar a torcida, na política do pão e circo: Assim como na época do declínio do Império Romano, as batalhas sangrentas no Coliseu divertiam os romanos enquanto Roma era invadida pelos bárbaros, o futebol hoje diverte os povos enquanto lhes saqueiam uma vida digna e socialmente justa.

Por isso, é bom saber que no futebol, além de dólares, euros e empresas, há os que jogam no campo, para no final levantarem com orgulho uma taça, estufarem no peito uma medalha, chorarem emocionados com a vitória e poderem ir dormir descansados, pensando: Eu mereci.
É isso o que todos merecemos. Batalhar para merecermos um mundo melhor. Senão, qual é o sentido de um gol?
Beijos!

Um comentário:

  1. Internacional sempre, sempre e sempre!

    Em relação à Seleção, tenho acompanhado o trabalho do Dunga. Por mais que muitos torcedores não gostem dele ou que tanto a mídia quanto a crítica torçam o nariz, ele pegou a seleção logo após o fiasco do último Mundial, e, pouco a pouco, fez um trabalho que resultou na conquista de ontem. Além da taça, levamos outros prêmios: chuteira de ouro, etc, etc, etc. Ah, também levamos o Fair Play da Copa das Confederações. Existe jogo mais justo do que jogar evitando cometer faltas?! Dunga está de parabéns, e o Lucio foi sensacional! Espero que o time dele na Alemanha pense melhor antes de dizer que pretende trocá-lo por um jogador mais novo! ¬¬

    E a política do "pão e circo"... Pois bem, essa continua. Mais atual do que nunca. Mais presente do que nunca. E mais ignorada do que nunca. O povo, infelizmente, enxerga só aquilo que gosta. E o que o povo gosta, além de funk, bunda e cerveja, é FUTEBOL.

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