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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O Capsulão e o tempo que passa rápido demais

Queridos e queridas,

São quase quatro horas da manhã, e eu poderia ficar acordada direto. Preciso dormir porque o corpo reclama, a saúde agradece. Mas eu fico me perguntando se posso me dar o luxo de ir dormir se faltam algumas horas para eu voltar para Porto Alegre. Preciso aproveitar ao máximo este tempo, porque como cantou Cazuza, o tempo não pára. Se eu pudesse, sairia agora para perambular pelas ruas estreitas da Lapa, onde a vida pulsa 24 horas sem parar. Iria subir e descer os degraus da escadaria de mosaico e trocar uma prosa com Selarón, ou ficaria estendida na areia do Aterro do Flamengo contemplando a lua, as estrelas, seria testemunha ocular da troca de plantão, quando o sol volta a irradiar os corpos e as mentes dos que podem desfrutar de um pouco de paraíso.


Onde fica mesmo o paraíso: eu diria, dentro de nós. Nas memórias que guardamos dos bons momentos que passamos, dos lugares que fotografamos em nossas mentes onde nos divertimos, sorrimos, compartilhamos situações que deixarão lembranças, histórias que contaremos mais adiante, que nos farão sorrir sozinhos.


Nossa vida passa na tela do universo como um filme. Tem tempo marcado, para começar e para terminar. Acontece que nós não ficamos sabendo com antecedência como e quando será este final. Diferentemente da obra de Elias Canetti, quando o Capsulão decide quando vai chamar alguém para o reino dos mortos. Nós carregamos uma corrente com uma cápsula em nosso pescoço, só que ela é imaginária. Mesmo que a gente queira abrir a cápsula para ler o que está ali dentro, não conseguiremos. E se um e apenas um conseguir abrir, se frustrará com a descoberta. Porque não há nada escrito ali. O capsulão de Canetti engana todo mundo. Ninguém sabe porque não há nada para saber. Portanto, o que nos resta, reles mortais, é nos darmos conta de que a vida que conhecemos, esta aqui mesmo, é para ser aproveitada ao máximo, porque ela passa tão rápido, mas tão rápido, que ou a gente faz tudo numa correria desenfreada, no gênero ação e suspense, como no filme Tempo Esgotado (dirigido por John Badham), ou a gente faz em câmera lenta, para fazer render mais tempo, o tempo que der.
O tempo passa, tudo está em constante movimento, por isso, cada segundo perdido é um desperdício incalculável, é como cortar um minuto de uma cena, e perder o fio da meada da história. Não dá tempo. Viver é fazer o que se quer, aqui e agora. Afinal, como muito bem retratou Canetti, nós somos os que tem a hora marcada. Mas diferentemente de seus personagens, nós não temos uma existência programada, nós temos o livre arbítrio. Será um peso, será um fardo a liberdade...
Fiquem bem!

Um comentário:

  1. Rááá, lembrei de uma frase do Gandalf - O Cinzento, no filme "O Senhor dos Anéis": "não importa quanto tempo temos. O importante é saber o que fazer com o tempo que nos é concedido". Bjos!

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