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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

domingo, 7 de junho de 2009

O carteiro, as contas e as cartas ridículas

Queridos e queridas,

Em uma galáxia muito, mas muito distante, havia um tempo em que as pessoas escreviam, lambiam o selo e enviavam cartas umas para as outras. O mensageiro transformou-se em carteiro, e através de suas mãos chegavam envelopes de todos os tamanhos, que escondiam palavras de amor e de dor. Hoje, cada vez que avisto o carteiro levo um susto. O dia de pagar as contas está chegando, again and again.


Se por um lado meu inconsciente clama pelo desaparecimento dos carteiros e das contas, de outra parte sempre acho simpático ver ele chegando, e fico até um pouco decepcionada quando ele passa reto, sem deixar qualquer envelope em minha caixa de correio. Quando nem as lojas, bancos e financeiras te procuram mais, então a solidão é total. Claro que há outros meios, instantâneos, de comunicação, que deram uma estocada quase mortal nas cartas de folhas amarelecidas escritas com canetas bico de pena ou tinta de nanquim. Tem e-mail, orkut, twitter, msn, skype, facebook, chat, blog, torpedo, e mais outras invenções do mundo pré-apocalíptico.

Eu guardo selos, cartões, cartas, telegramas, e até pedaços de papel-presente com escritos. Quando faço a faxina anual em meus guardados, reabro a caixa, e penso por que guardo algo que não uso. É a caixinha mágica do tempo. De pessoas que passaram de alguma forma em minha vida. Com as quais tive algum tipo de relação que nem o tempo, nem a ausência, apagarão de minha memória.
Por isso, cada vez que o carteiro se aproxima de minha casa, recebo as contas com alegria, pensando na próxima carta. Que um dia virá.


Cartas de amor - Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, ridículas. As cartas de amor, se há amor, Têm de ser ridículas. Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são ridículas (Fernando Pessoa)



Passei a noite inteira sem dormir
Passei toda a noite, sem dormir,vendo, sem espaço, a figura dele,
E vendo-o sempre de maneiras diferentes do que o encontro a ele.
Faço pensamentos com a recordação do que ele é quando me fala,
E em cada pensamento ele varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar. E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nele.
Não sei bem o que quero, mesmo dele, e eu não penso senão nele.
Tenho uma grande distração animada. Quando desejo encontrá-lo
Quase que prefiro não o encontrar,
Para não ter que o deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só pensar nele. Não peço nada a ninguém, nem a ele, senão pensar.
(livre adaptação do poema de Fernando Pessoa como Alberto Caeiro)

Amem e escrevam!

Um comentário:

  1. Bah, realmente... Lembro da minha infância, qdo o carteiro chamava no portão, pois aqui em casa não tínhamos a caixinha do correio... Eu ia sempre tãããããoooo feliz, na esperança de que alguém, qualquer pessoa, lembrasse de mim, da mãe, do pai, etc, etc, etc, e tivesse enviado uma carta... Ai, que sansação bem boa!!!

    E por falar em carta... Lembrei de uma música que adoooooroooooo!!! Aí vai:

    A Carta
    Renato Russo & Erasmo Carlos

    Escrevo-te
    Estas mal traçadas linhas
    Meu amor!
    Porque veio a saudade
    Visitar meu coração
    Espero que desculpes
    Os meus erros, por favor
    Nas frases desta carta
    Que é uma prova de afeição...

    Talvez tu não a leias
    Mas quem sabe até darás
    Resposta imediata
    Me chamando de:
    "Meu Bem"
    Porém o que importa
    É confessar-te uma vez mais
    Não sei amar na vida
    Mais ninguém...

    Tanto tempo faz
    Que li no teu olhar
    A vida côr-de-rosa
    Que eu sonhava
    E guardo a impressão
    De que já vi passar
    Um ano sem te ver
    Um ano sem te amar...

    Ao me apaixonar por ti
    Não reparei
    Que tu tivestes
    Só entusiasmo
    E para terminar
    Amor assinarei
    Do sempre, sempre teu...

    Tanto tempo faz
    Que li no teu olhar
    A vida côr-de-rosa
    Que eu sonhava
    E guardo a impressão
    De que já vi passar
    Um ano sem te ver
    Um ano sem te amar...

    Ao me apaixonar por ti
    Não reparei
    Que tu tivestes
    Só entusiasmo
    E para terminar
    Amor assinarei
    Do sempre, sempre teu...

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