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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O filme invisível

Queridos e queridas,

Cláudio Torres é diretor, produtor, roteirista, filho de Fernanda Montenegro e Fernando Torres. Fã confesso de comédias românticas e do cinema comercial norte-americano. Ele retorna às telas do cinema nacional com o filme A mulher invisível. Comédia romântica a la USA formula, com atores nacionais e clichês universais.
Ainda que eu considere interessante a composição do protagonista (Selton Melo), que após ser abandonado pela mulher passa a alucinar com a idealização de uma mulher invisível, e não percebe a existência de uma mulher em carne e osso que o admira, o que eu quero aqui é questionar a declaração do cineasta, de que a mulher ideal é alta e loira, no imaginário coletivo, como a atriz Luana Piovani.

Desde quando a mulher ideal é assim? E se for baixa e gorda, e se for morena ou negra, e se tiver olhos castanhos, ou se estiver com fios brancos e pés-de-galinha, e se tiver filhos, ou se tiver um coração enorme e uma devoção ao seu parceiro? E se ela usar óculos, tiver rinite, TPM, se ela trabalhar três turnos pra cuidar da casa, dos filhos e ter salário próprio... ou se ficar com cheiro de fritura por trabalhar na pastelaria, ficar na fila do ônibus e ainda assim levantar cedo todo o dia? Esse tipo de mulher ideal - alta e loira, que o cineasta ainda compara com Marilyn Monroe(!!) é um tiro no pé na qualidade do cinema nacional. Entenda-se por qualidade: precisamos de roteiros melhores, de personagens menos clichês, não precisamos importar fórmulas que dão certo na América do Tio Sam. Fazendo isso estaremos assinando embaixo de uma colonização cultural, incentivando a alienação no chamado imaginário coletivo, ou, pior, estimulando a permanência de uma cultura machista-sexista.

Torres afirma: "Os EUA souberam entender o cinema como forma de arte e indústria. Isso gera emprego, importação de uma identidade cultural e todo o país deveria ter a mesma postura em relação a sua produção audiovisual". Ok. Pena que em nome do emprego e da indústria, o cinema nacional se esvazie como arte.
Como filmes realizados por Woody Allen e Kubrick, que tanto Torres, como eu, admiramos. Já este filme, que poderá arrecadar valores que gerem mais empregos e fomentem mais a indústria do cinema nacional, é, para mim, invisível.

Fiquem bem!

Um comentário:

  1. Não vi esse filme (ainda). Até fiquei curiosa, mas troquei ele por Terminator: Salvation. Acho que não perdi mta coisa, hauaahaua...

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