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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Anti-heróis




Queridos e queridas,

Já escrevi aqui sobre vários roteiros de filmes que foram adaptados a partir de livros. Hoje eu quero me referir a um filme que eu gostei muito, e que surgiu a partir de uma série de histórias em quadrinhos escrita por Alan Moore e ilustrada por Dave Gibbons: Watchmen. A DC Comics publicou doze edições entre 1986 e 1987, e a grande repercussão que teve junto à crítica e ao público levou essa graphic novel a ser a única história em quadrinhos em destaque na lista dos cem melhores romances eleitos pela Revista Time.

Watchmen - o filme, dirigido por Zach Snyder, foi lançado neste ano de 2009, e retrata com fidelidade a trama original, ambientada durante a Guerra Fria. Um grupo de combatentes do crime - os Watchmen voltam a se encontrar a partir da investigação feita por um deles, Rorschach, do assassinato de um dos vigilantes - o Comediante, que estava aposentado, após atuar como agente do governo. Várias descobertas começam a ser feitas, em um clima de suspense que envolve a participação de todos os vigilantes. Cada um mostra sua história, seus conflitos, e sua visão sobre a natureza humana. Aí é que o filme começa a ficar mais do que interessante.

O diretor que já mostrou em 300 o seu talento para os efeitos especiais, mostra aqui uma sensibilidade para aliar esses impecáveis efeitos com uma história que envolve o espectador nos dilemas vividos por cada um dos vigilantes: o truculento e irônico Comediante, o semi-deus Dr. Manhatan, o ético Coruja, o justiceiro Rorschach, a destemida Espectral e o inteligente e estrategista Ozymandias.

É muito interessante observar tanto na história em quadrinhos como no filme, que esses personagens ou protagonistas não são, na verdade, heróis ou super-heróis. Eles tem poderes, mas tem também emoções e limitações. Apesar de uma missão em comum, que é proteger a humanidade, na prática cada um o faz à sua maneira, o que pode significar, por exemplo, tomar partido a favor do governo Nixon, ou agir de uma forma anti-ética, ou agir usando de golpes baixos, ou uma diplomacia na qual os fins justificam os meios. Na verdade, eles são anti-heróis. Na cena, por exemplo, em que o Comediante dá fim a uma manifestação hippie por não violência, usando de violência, ele grita, em alto e bom som, isso é o que fizeram com o sonho americano, esse é o sonho americano!

Fala-se em paz, em ser contra a guerra, e mostra os políticos tramando complôs contra seus inimigos políticos, e utilizando-se de um discurso em nome do que é o melhor para a população; mostra o lado da mídia que só se interessa em publicar manchetes que revelem novas catástrofes, novas tragédias, porque boas notícias não vendem jornais; mostra que a justiça é um conceito relativo, a partir do que cada um considera ser a natureza humana. Se agimos por instintos de preservação e de defesa, ou se realmente somos capazes de desejar o bem e de evitar o mal. Tanto o Comediante como Rorschach tem uma visão pessimista sobre essa possibilidade. Um é assassinado, e o outro, renegado, luta consigo mesmo para descobrir a verdade. A questão central do filme é: e quando descobrimos a verdade, o que fazemos com ela? "Quem vigia os vigilantes?"

Por isso, Watchmen é um grande filme. Eu, que sou fã de carteirinha de Darth Vader e de Batman, sou doravante fã também de Rorschach. Vi um pouco de mim nesse psicopata justiceiro. Acho a máscara dele muito fashion!
Boa noite!

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