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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

CineDHebatendo direitos humanos

Queridos e queridas,

Cinema e direitos humanos é um dos temas que mais trato neste blog. Porque são estes os ponteiros de meu relógio biológico, cinema e direitos humanos. Por esta razão, desde a criação da Liga dos Direitos Humanos, que eu fundei e coordeno desde 2007, existe uma ação denominada CineDHebate, um ciclo de exibição de filmes com debates sobre o tema abordado em cada sessão. Apesar de eu ter tentáculos para dar conta de uma vida atribulada, eles não são mais suficientes. A Liga cresceu - e que ótimo que cresceu! Eu vejo a Liga como uma criança que está adolescendo, um projeto que começa a espraiar seus horizontes interdisciplinares e transdisciplinares.

Regionais e transnacionais. É o programa de rádio, a produção de documentários, a divulgação de notícias e eventos, a organização de aulas abertas, fórum anual, e de um novo projeto sobre o qual falarei em breve. E o cinema, desde o começo, sempre cumprindo uma função que também é muito importante e digna na educação em direitos humanos: a exibição de curtas, documentários e longas de ficção que despertam nos espectadores uma visão própria, uma consciência crítica e reflexiva. É um grande momento de debate, de trocas, de compartilhar pensamentos, opiniões, posições. De questionar, de discutir pontos e contrapontos. Aprende-se muito em uma sala de cinema.
Daí a origem e a existência do CineDHebate da Liga dos Direitos Humanos.

No ano passado, a Gárdia, querida amiga e colega da Liga, coordenou a seleção dos fimes e a organização dos debates. Lembro que a seleção priorizou curtas-metragens e documentários nacionais, muitos com temas bem regionais e todos sempre muito polêmicos. Temas como aborto, sistema prisional, prostituição, foram alguns dos pontos de debate nos filmes escolhidos. Neste ano, a querida amiga Dagmar Camargo, companheira da Liga, além de ter uma intensa e extensa militância em direitos humanos (como coordenadora da CONRAD, coordenadora de projetos da DIST e da área de Comunicação no Comitê de Educação em Direitos Humanos do Rio Grande do Sul), assumiu a coordenação do CineDHebate, em uma parceria da Liga com a DIST - Democracia, Inclusão Social e Trabalho.

Eu admiro demais a Dagmar. Desde os tempos em que nos conhecemos, como colegas na Primeira Turma do Curso de Especialização em Direitos Humanos da UFRGS e Escola Superior do Ministério Público da União. A Dagmar sempre sentou na frente, primeira fila, e uma das que mais participava nas aulas, com perguntas, com sugestões, com críticas, com contribuições. E sempre agitando bandeiras, viajando por este e por outros Pampas, socializando notícias, ações, campanhas, manifestações. O tempo para a Dagmar certamente não tem apenas24 horas.
E nem ela tem tentáculos.
Ela os produz e reproduz, com uma vitalidade e um espírito de luta admiráveis.

O CineDHebate 2009 tem a cara da Dagmar. São filmes impecáveis, escolhidos pelos temas efervescentes, em questões globais como o meio ambiente, a crise financeira, os poderes das grandes corporações, a privatização do Rio São Francisco, os desafios na educação em um ambiente de violência e exclusão social, and so on.

Na próxima semana, o CineDHebate, que sempre acontece às sete da noite na Sala Redenção da UFRGS, com entrada franca, exibirá o filme Escritores da Liberdade. e na sequência, debate com a participação de Mariliane Ferreira dos Santos, diretora do CPERS/RS, e Ana Maria Bueno Accorsi, professora da UERGS, e que desenvolveu trabalho sobre o livro Escritores da Liberdade ainda não traduzido para o português. Escritores da Liberdade é uma co-produção alemã e norte-americana de 2007. Com direção de Richard LaGravanese, a obra é uma adaptação da história real da professora Erin Grunwell, uma professora novata que tenta inspirar seus alunos problemáticos a aprender algo sobre tolerância, autoestima, e valorização dos sonhos.
O filme aborda de uma forma comovente o desafio da educação
em um contexto social problemático e violento.

E no dia 25 de novembro, é a vez do filme A Questão Humana. Após a exibição, debate com o psicólogo Fernando Lunkes, diretor de comunicação do Sindicato dos Psicólogos do Rio Grande do Sul. O filme é uma produção francesa de 2007 baseada no romance homônimo de François Emmanuel. A obra dirigida por Nicolas Klotz, completa a trilogia sobre a crise econômica francesa, composta também pelos filmes A Pátria, e A Ferida.

Em A Questão Humana, o psicólogo da filial francesa de uma petroquímica alemã investiga, a pedido do vice-presidente da corporação, a vida do presidente, que é suspeito de insanidade mental. Este é um filme de investigação, no qual o próprio investigador - o psicólogo - passa a sofrer uma profunda transformação. Há no filme uma linha que aproxima o modelo empresarial contemporâneo ao Holocausto.
Reestruturação, reengenharia, realinhamento, eis alguns termos cuja linguagem asséptica e tecnocrática designa uma manipulação de pessoas em
um sistema no qual o que menos importa são as pessoas.

O filme acende uma polêmica ao fazer essa comparação. Ela é possível e plausível? O protagonista-psicólogo-narrador é um homem que ao investigar, sofre com o que descobre. Sua integridade é testada o tempo todo, bem como a sua própria sanidade mental.
Talvez sua insanidade seja a prova de que finalmente ele descobriu o que buscava.
Boa noite!

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