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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O happy end

Queridos e queridas,

Retomo o tema da postagem anterior, sobre a crítica às comédias românticas feitas atualmente. Mas agora para falar sobre a importância de um roteiro bem feito, e a diferença que se percebe no resultado, no filme. O exemplo que eu trago é com uma atriz que já fez das piores às melhores comédias românticas norte-americanas recentes: Jennifer Aniston.

Não vou aqui mostrar a cinebiografia da atriz, mas uma rápida passagem em alguns dos filmes nos quais ela atuou desde que deixou de ser apenas a Rachel do seriado Friends. Filmes como Paixão de Ocasião (1997), Quero ficar com Polly (2004) e Separados pelo Casamento (2006) são alguns exemplos de como rasa e superficial pode ser uma história. E Jennifer estava lá, como protagonista, em todas elas. Talvez por isso tenha ficado muito mais conhecida pelo seu casamento, e mais ainda com a separação de Brad Pitt, do que pela sua filmografia. Ou ainda, por ser multi-premiada como a personagem Rachel Green, uma menina mimada que vai morar com amigos e, entre uns cafés e outros, amadurece em seus amores e escolhas de vida.

Acontece que Jennifer Aniston também atuou em filmes como A Razão do meu afeto (1998), Por um sentido na vida (2002), e Amigas com dinheiro (2006). Nestes filmes existem histórias consistentes, e também uma atriz que não "interpreta" a mimada, a patricinha, a chorosa, a ingênua, a bonitinha, a insossa. Jennifer cresce e aparece. Uma mulher desglamourizada, que prende a atenção e convence por sua atuação, e não pelo seu físico ou fama ou qualquer outro penduricalho.

Destes filmes, gosto especialmente de A Razão do meu afeto. O filme tem direção de Nicholas Hytner, roteiro de Wendy Wasserstein, baseado em livro de Stephen McCauley. Jennifer interpreta uma assistente social que conhece um gay (Paul Rudd). Eles tornam-se amigos e vão morar juntos. Embora grávida de seu namorado, ela passa a querer cada vez mais a companhia de seu amigo gay, por quem está se apaixonando.

Aqui temos algo, conteúdo, potencial para uma boa história. Um caso de amor diferente. Uma possibilidade de um outro tipo de happy end. Ou de que não tenhamos um happy end. Ou que nem tenhamos um caso de amor. Quando o amor é possível? Quando o amor é correspondido? E quando ele é impossível? E quando ele não é correspondido?

Se fosse um filme europeu, a abordagem poderia ser mais densa, eu acho. Mas, por se tratar de um filme norte-americano, é um dos poucos, em minha modesta opinião, que trata com leveza sem ser fútil, e com densidade, sem ser profundo, o tema do amor não correspondido. Algo profundamente humano, possível de acontecer com qualquer um de nós, reles mortais. Ou ainda: quando o amor, platonicamente é correspondido, mas não como gostaríamos que fosse. E o filme deixa possibilidades, portas e janelas abertas, sem fechar a questão. O que é muito bom, por se tratar de um filme. Já na vida real tudo o que se quer são respostas, definições, soluções. Correspondências.

Talvez por isso, voltando um pouco ao post de ontem, as pessoas de um modo geral gostam de -boas - comédias românticas, dramáticas, e mesmo dramas e romances (estes, sempre mais densos). É um momento de dar vazão às fantasias, à imaginação, ao sonho. Com ou sem happy end, mas com histórias que cativem, que emocionem, que sejam verossímeis. Jennifer foi indicada por sua atuação em Um sentido na vida. Mas neste filme, A Razão do meu afeto, ela já demonstrava que pode ser uma ótima atriz. Precisa saber escolher melhor os roteiros. Ou escrever, ela mesma, a sua própria história. Por que uma mulher bonita, bem sucedida, não consegue ser feliz? Por que parece que, para ser feliz, é preciso ser um par? Qual é a história que pode, realmente, chegar a um happy end?
Bom fim de semana!

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