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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Oito anos depois

Queridos e queridas,

Oito anos depois, mais um onze de setembro, uma data que marca um dos maiores atentados da história, contra as Torres Gêmeas do World Trade Center. Morreram 19 sequestradores e 2974 pessoas de várias nacionalidades, a maioria norte-americanos. Entre os mortos, 343 bombeiros e paramédicos e 60 policiais, além de 24 desaparecidos e mais de seis mil feridos.
O onze de setembro é um dia de luto e de reflexão sobre o que o ser humano é capaz de fazer. É estranho, mas quando pensei nisso me veio na memória cenas do filme Inferno na Torre (1974) com Paul Newmann, Steve Mcqueen e grande elenco. A grande torre foi projetada para ter 138 andares, e no dia de sua inauguração, acontece o incêndio. Eu era criança quando vi esse filme, e me impressionei muito com duas coisas: as atuações de Newmann e Mcqueen (era o cinema na veia!), e as cenas de fogo, que me pareciam muito reais, causando um grande desconforto.

De 1974 para 2001 muita coisa mudou, na vida real e no cinema. Os filmes de suspense e ação se tornaram muito mais sofisticados, nem por isso mais convincentes. E eu, na manhã de onze de setembro de 2001 estava em casa, quando meu amigo Ilgo me telefona e pergunta se eu estava vendo na tv o que estava acontecendo. Eu, espantada, pergunto o que estava acontecendo, porque estava com o rádio e a tv desligados. E ele, mais espantado ainda, me disse: O mundo está acabando e tu não sabe!!

Nem sei se ele lembra desse telefonema e dessa rápida conversa. Eu nunca vou esquecer, por dois motivos: que fala para um roteiro!, e que bonito saber que em um momento terrível como aquele ele lembrou de ligar para mim. As cenas, repetidas à exaustão, mostravam as tragédias todas: das colisões dos aviões, do resgate das vítimas, dos destroços, do day after, do trauma dos que ficaram, e dos incontáveis comentaristas que falavam sobre as razões que levam terroristas a cometerem atentados como esse. Osama Bin Laden , até então um nome que passava batido na imprensa, transformou-se no maior arrasa-quarteirão para venda de jornais, matérias de tv, e, é claro, cartaz de WANTED, procura-se vivo ou morto. Um western pós-moderno onde não há mocinhos e bandidos, mas interesses políticos e econômicos conflitantes, que resultam em tentativas de manipulação da opinião pública, que resultam em invasões bélicas, que resultam em novos ataques terroristas.
Quedam os maiores símbolos do império do capital, mas não queda o capital.

Interessante lembrar que apenas dois anos antes deste atentado, o diretor Mark Pellington realizou um ótimo filme de suspense que trata da ação terrorista, O Suspeito da Rua Arlington. Com Tim Robbins e Jeff Bridges como protagonistas, o filme mostra a relação de dois vizinhos, um professor de história (Bridges) com os recém chegados Oliver (Tim) e sua esposa Cheryl (Joan Cusack). O professor suspeita das atitudes ambíguas e estranhas dos vizinhos, e passa a achar que são terroristas. Nós, espectadores, passamos também a achar suspeitas as atitudes do professor, que pode ser um maluco, ou não. Um terrorista não escreve na testa o que ele é. Mas nem todo estranho é terrorista, e nem todo terrorista é estranho. O filme nos brinda com um grande ponto de virada que torna seu final um dos melhores de filmes de suspense que eu já vi.
E para os que criticam Jeff Bridges, achando-o um ator mediano, eu volto a afirmar que é um grande ator que foi muito desperdiçado no movie world.

Num dia 24 horas chuvoso aqui em Porto Alegre, no onze de setembro que marca a terrível lembrança de mortes de inocentes, eu fico a refletir sobre o que leva um ser humano a fazer coisas como essas. Vão erguer novos arranha-céus, novas torres, novos símbolos fálicos do poder, arrogância e ganância. E mais gente inocente voltará a morrer.
Boa noite.

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