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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Tragicomédia...

Queridos e queridas,


Eu estava lendo o guia com as sinopses de filmes em exibição nas salas de cinema aqui em Porto Alegre. Quando chegar a sexta-feira, haverá novidades, estréias. Mas nesse fim de semana viajarei para Mato Grosso do Sul, e talvez por uns quatro dias eu não escreva aqui. E também não irei assistir a estréias ou a algum dos filmes que vi no roteiro de hoje. Há o caso de uns filmes que eu não iria assistir nem se eu estivesse aqui no fim de semana, ou se me dessem o ingresso. Não me entendam mal. Não é preconceito. É perda de tempo, o que é bem diferente. Refiro-me ao gênero das comédias românticas.


Quem é meu leitor assíduo, sabe que é com certa frequência que eu escrevo sobre esse gênero. Então, não seria uma contradição? Não. Porque, apesar de eu ser crítica com relação à atual produção de filmes nesse gênero, ainda é uma das melhores formas de escrever roteiros e ter bom público. O que está realmente faltando é qualidade nos roteiros. Isso sim, está matando um gênero que se celebrizou com clássicos como Harry e Sally, feitos um para o outro. A comédia e o romance foram feitos um para o outro, assim como o drama e o romance e a comédia também são o triângulo amoroso perfeito. Amor é risos e lágrimas. Paixão é alegria e dor. Tragicomédia. Essa é a vida real. Daí o motivo que o público em geral, independente de faixa etária, gosta e se identifica com uma boa comédia romântica, ou uma boa comédia dramática. O que ninguém aguenta mais são as histórias previsíveis. Primeiro, porque a vida não é previsível. Segundo, porque ninguém quer ver novela das oito no cinema.


Apesar disso, o estilo hollywoodiano de des-fazer cinema continua a apostar em novos rostos, no melhor estilo "namoradinha do Brasil". Atrizes como Jennifer Aniston, Sandra Bullock, Jennifer Lopez, e mais recentemente, Katherine Heigl, são fortes candidatas ao título de "nova Meg Ryan da hora das comédias românticas". Só que de histórias medianas a medíocres. A Verdade Nua e Crua, por exemplo, filme dirigido por Robert Luketic, é o mais novo fenômeno dessa leva, que inclui outros filmes recentes como A Proposta, ou Vestida para Casar. Puro clichê. Mocinho e mocinha que se odeiam porque se amam e porque vão ficar juntos no happy end. Essa é a sinopse. Em uma linha já se percebe que é óbvio ululante que não justifica fazer um filme como esse, investir uma fortuna nesse tipo de filme que, antes que acabe, já não faz falta. Hollywood tem dinheiro mesmo, porque pode se dar ao luxo de investir em lixo.


Desculpem se fui rude. Não costumo criticar radicalmente, a não ser que seja necessário. E eu não aguento mais ler guias de filmes nas páginas de jornais, e nos sites de imprensa, no qual há produtos de consumo absolutamente descartáveis, e que custam uma fortuna para serem produzidos, distribuidos e comercializados. E tem apoio!!


Enquanto isso, os denominados filmes de autor, filmes de arte, ficam na grande maioria das vezes nas tocas, nos circuitos alternativos, na ação-entre-amigos, sem espaços de divulgação, sem incentivos para produção, tanto por parte do governo como por parte do meio empresarial. Este, só investe se tiver abatimento no Rei Leão, e não por investir em cultura. Quanto ao governo, cada vez há menos editais, com verbas curtas e uma demanda enorme. Os produtores independentes estão se tornando cada vez mais dependentes por falta desse olhar, dessa sensibilidade para um apoio de verdade. Esse apoio só vem quando o anônimo artista se torna uma celebridade. Que ludibriador esse mundinho capitalista pré-apocalíptico que também mostra seus tentáculos no mundo do cinema. Isso sim, é uma tragicomédia...
Boa noite!

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